SBEB incentiva debates sobre como tecnologias emergentes moldam a interface entre academia, indústria e sistemas de saúde no Brasil
A Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica (SBEB) tem se posicionado como protagonista na transformação digital da saúde no país, promovendo a integração de tecnologias emergentes como Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e Big Data aos sistemas públicos e privados de atendimento à população. Essas iniciativas conectam academia, indústria e governo, superando desafios estruturais e promovendo soluções inovadoras que tornam os cuidados em saúde mais eficientes e acessíveis.
Inspirada pelos princípios da Indústria 4.0, a Engenharia Biomédica vem ampliando sua participação no desenvolvimento de soluções tecnológicas para a saúde. Avanços como impressão 3D, dispositivos conectados e sistemas de análise preditiva já impactam positivamente os tratamentos e diagnósticos, criando um ecossistema de inovação que está remodelando os cuidados médicos.
Essa revolução tecnológica foi acelerada pela pandemia de COVID-19, que destacou, por exemplo, a importância da telemedicina para ampliar o acesso à saúde. “A telemedicina ganhou força após a pandemia de COVID-19, permitindo consultas online e a expansão do acesso em áreas remotas”, comenta Sônia Maria Malmonge, presidente da SBEB. Segundo ela, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem investido em iniciativas como o Conecte SUS, que integra informações médicas em uma única plataforma digital. Essa unificação facilita o compartilhamento de dados, aprimorando diagnósticos e promovendo maior agilidade nos atendimentos.
No Recife, por exemplo, Fernando José Ribeiro Sales, Diretor Administrativo da SBEB, diz que a interoperabilidade dos sistemas de informação em saúde permite visualizar exames, dados de consultas e atendimentos em toda a rede municipal. “Isso possibilita análises detalhadas da jornada dos pacientes, filas de procedimentos e estudos populacionais”, ressalta Sales. Ele ainda destaca que a mentalidade de inovação aberta tem favorecido colaborações entre atores públicos e privados, estimulando soluções criativas para desafios da saúde.
O Papel da SBEB na integração de tecnologias
A SBEB promove visa promover a adoção de tecnologias emergentes por meio de ações como cursos, seminários e competições. Sônia explica que a entidade incentiva pesquisas voltadas ao desenvolvimento de dispositivos acessíveis para populações de baixa renda, soluções de IoT adaptadas para regiões remotas e sistemas de interoperabilidade entre plataformas digitais de saúde.
Na Feira Hospitalar e no Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica (CBEB), a SBEB também reforça sua presença ao fomentar parcerias com associações como Associação Brasileira de Engenharia Clínica (ABEClin), a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), a Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (ABIMED) e a Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO). Essas colaborações facilitam o diálogo entre a academia e o mercado, promovendo a aplicação prática de soluções tecnológicas.
Paulo Roberto de Lima Lopes, especialista em saúde digital, coordenador da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e Diretor de Operações da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (Gestão 2025-2026), enfatiza a importância dessas parcerias. Segundo ele, o Comitê Técnico de Prospecção em Saúde Digital tem trabalhado para identificar tecnologias e arquiteturas que atendam aos desafios do setor. “Grupos de trabalho em saúde digital desenvolvem aplicações específicas que podem originar startups para dar continuidade a serviços e produtos”, afirma Lopes.
Inovações em Recife como modelo
Recife tem se consolidado como um polo de inovação em saúde e tecnologia da informação. O distrito do Porto Digital concentra mais de 400 empresas e 18 mil colaboradores, com faturamento superior a R$ 5 bilhões. A cidade também lidera em número de leitos hospitalares por habitante e avança na digitalização de seus serviços de saúde.
Sales menciona o aplicativo Conecta Recife como exemplo de solução inovadora. Originalmente utilizado para agendamento de vacinação, o aplicativo hoje permite que cidadãos agendem exames e consultas no SUS, além de acessar dados médicos. Ele destaca ainda a iniciativa de fornecer transporte por aplicativo para pacientes com dificuldades de deslocamento, reduzindo o absenteísmo em procedimentos.
“Em uma jornada de inovação aberta, a administração pública identifica problemas e faz chamamentos para fornecedores proporem soluções. Isso possibilita o desenvolvimento de Provas de Conceito (PoC) que podem gerar novas soluções”, acrescenta Sales.
Desafios e oportunidades
Apesar dos avanços, a transformação digital na saúde enfrenta desafios. A infraestrutura limitada em regiões remotas, a necessidade de capacitação profissional e as questões de privacidade de dados são entraves que demandam soluções urgentes. Por conta disso, Lopes destaca o desenvolvimento do InovaSUS Digital, um ecossistema voltado para inovações que integrem tecnologias como Big Data e IA aos sistemas de saúde.
“Estamos trabalhando com o Ministério da Saúde para criar ambientes que conectem pesquisa, ensino e soluções tecnológicas para o SUS. Parcerias com associações como a SBEB são fundamentais para liderar esse processo”, afirma Lopes. Ele também ressalta o papel da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde e da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde nesse esforço coletivo.
A Engenharia Biomédica se posiciona no centro da transformação digital da saúde no Brasil, liderada por iniciativas como as da SBEB. A integração de tecnologias emergentes tem potencial para tornar os cuidados mais acessíveis e eficientes, mas exige investimentos em infraestrutura, capacitação e políticas de segurança de dados.
Com uma abordagem que une pesquisa, educação e mercado, a SBEB tem construído uma ponte entre o presente e o futuro da saúde no país. Profissionais, acadêmicos e estudantes interessados em fazer parte dessa transformação podem se associar à SBEB e contribuir para o avanço da Engenharia Biomédica no Brasil.