Atuação institucional inclui organização de eventos estratégicos, apoio a startups e estímulo à pesquisa aplicada com foco no SUS
A Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica (SBEB) tem se consolidado como uma das principais articuladoras da inovação em saúde no Brasil. Com ações que conectam universidades, setor público e ecossistemas empreendedores, a entidade atua de forma permanente na criação de pontes entre ciência, governo e mercado, com ênfase na formação de competências técnicas, fomento à pesquisa aplicada e valorização de soluções tecnológicas com potencial de impacto social.
Essa articulação se expressa em iniciativas como o Prêmio Inovação EBM para o SUS, desenvolvido em parceria com a Boston Scientific, e em eventos estratégicos organizados pela entidade, a exemplo do Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica (CBEB) e das atividades promovidas em grandes encontros nacionais. A participação da SBEB na Hospitalar 2025 é apenas uma das manifestações recentes desse trabalho contínuo de mobilização.
“Temos promovido grandes eventos como o CBEB 2024, com fortes conexões entre academia, indústria e governo. A parceria com a Hospitalar há três anos tem proporcionado um ambiente importante para disseminar o papel da engenharia biomédica e o perfil do profissional”, afirmou Antonio Adilton Oliveira Carneiro, Vice-Presidente da SBEB.
Formação de competências para a inovação no SUS
Um dos principais desafios enfrentados pelo país está na formação de profissionais capacitados para desenvolver tecnologias voltadas ao sistema público de saúde. Segundo Eduardo Heber Gomide, Gestor de Projetos de Inovação do SEBRAE em Ribeirão Preto, inovar no SUS demanda habilidades que vão além da técnica. “É preciso ter empatia pelo sistema público e entender suas particularidades”, destaca.
Para Gomide, competências como escuta ativa, gestão da inovação, domínio regulatório e foco em impacto social são essenciais. “As competências mais estratégicas envolvem a capacidade de navegar em contextos regulados, desenvolver modelos de negócio sustentáveis em larga escala e criar soluções centradas no usuário — neste caso, o cidadão e o gestor público”, reforça.
Nesse sentido, segundo o gestor, o SEBRAE tem atuado como ponte entre empreendedores e instituições públicas e privadas. “Programas como o Start Deeptech, Agentes Locais de Inovação (ALI) e o Catalisa ICT ajudam a acelerar projetos com base científica, enquanto iniciativas voltadas a open innovation aproximam startups de hospitais públicos, universidades e gestores do SUS”, explica.
Fomento e agilidade no desenvolvimento de soluções
Outro ponto central para a inovação com impacto social é o acesso a modelos eficientes de financiamento e articulação. A EMBRAPII — organização social que atua com recursos de ministérios e instituições como BNDES e SEBRAE — é um dos exemplos destacados pela SBEB como agente estratégico.
“O setor da saúde é o segundo que mais utiliza a nossa rede e nosso modelo. Isso mostra que temos capacidade de atender muitos desafios tecnológicos com foco no SUS”, afirmou Fábio Cavalcante, coordenador de Relações com o Mercado da EMBRAPII.
A entidade opera com 91 Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) credenciadas em todo o país, ofertando aportes de até 50% do valor dos projetos na área da saúde, com recursos não reembolsáveis. “A EMBRAPII nasce para apoiar os desafios tecnológicos da indústria brasileira, de forma diferenciada: super rápida, pouco burocrática e com eficiência”, ressaltou Cavalcante.
Segundo ele, a atuação da EMBRAPII abrange desde o desenvolvimento de equipamentos médicos e novos materiais até estudos pré-clínicos e clínicos de fases 1 e 2. “Nosso objetivo é que essas tecnologias melhorem o atendimento da população brasileira, especialmente no SUS.”
Startups, parques tecnológicos e inovação na prática
A atuação da SBEB também se estende à articulação com ambientes de inovação. O SUPERA Parque, em Ribeirão Preto, é citado como exemplo de estrutura que aproxima empreendedores, universidades e instituições públicas.
“O SUPERA Parque tem no setor de saúde sua principal vocação econômica. Dentre as startups residentes, mais de 50 são healthtechs. Nosso Centro de Tecnologia é acreditado junto ao INMETRO em mais de 90 normas para testes de equipamentos eletromédicos”, afirmou Dalton Marques, Gerente de Desenvolvimento do parque.
O ecossistema ainda abriga hubs de inovação da Unimed, da Fiocruz e do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto. “As tecnologias mais promissoras são aquelas que nascem para resolver as dores dos usuários. É fundamental que inovações para a saúde partam de conexões entre o poder público, empreendedores e universidades.”
Marques também reforça que o SUS impõe desafios que exigem soluções escaláveis e tecnológicas. “Soluções baseadas em telemedicina e inteligência artificial, por exemplo, podem dar respostas concretas a gargalos como o custeio do sistema e a ampliação do acesso, sobretudo em regiões remotas.”
O papel estratégico da SBEB na inovação em saúde
Fundada há 50 anos, a SBEB tem em sua origem o compromisso de apoiar a indústria e os serviços de saúde por meio do fortalecimento da engenharia biomédica. Para Carneiro, essa missão se traduz hoje em ações integradas com instituições públicas, privadas e da sociedade civil. “A engenharia biomédica conecta diferentes áreas científicas e tecnológicas. Nossa atuação se baseia em construir conexões que fortaleçam o ecossistema da saúde.”
Segundo o Vice-Presidente da Sociedade, o SUS é o maior consumidor de tecnologias em saúde do Brasil, o que amplia o potencial de impacto das soluções desenvolvidas. “Quando se tem uma solução útil e de baixo custo, com grande potencial de ser incorporada ao SUS, isso gera um estímulo à inovação pelo alcance que essa tecnologia pode ter.”
Além do fortalecimento da saúde pública, a SBEB reconhece também a importância da saúde suplementar como indutora de inovação. “Os planos de saúde e hospitais privados de grande porte se tornam grandes incentivadores e aceleradores da inovação no Brasil”, completou.
Nesse contexto, o Prêmio Inovação EBM para o SUS surge como mecanismo estratégico para estimular a pesquisa aplicada e ampliar a visibilidade de soluções com potencial de escalabilidade. “O prêmio busca reconhecer inovações tecnológicas úteis ao SUS e gerar conexões estratégicas entre academia e governo. As propostas são avaliadas por especialistas de instituições como Anvisa, OPAS, Ministério da Saúde e Rebrats”, concluiu Carneiro.
Ao reunir pesquisadores, gestores públicos e empreendedores em uma agenda contínua de eventos, premiações e articulações institucionais, a SBEB consolida seu papel como agente mobilizador da inovação tecnológica voltada à saúde coletiva no país.