No Dia dos Professores, a SBEB destaca o papel dos docentes na formação de engenheiros e pesquisadores e o compromisso da entidade com a educação científica e tecnológica
O desenvolvimento da Engenharia Biomédica no Brasil está diretamente ligado ao trabalho de professores que unem ensino, pesquisa e inovação tecnológica. A atuação docente sustenta a formação de profissionais capazes de integrar conhecimento científico e aplicação prática em saúde, missão que também orienta o compromisso institucional da Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica (SBEB).
Para a presidente da entidade, professora Sônia Maria Malmonge, da Universidade Federal do ABC (UFABC), o professor “é um elo importante entre o conhecimento estabelecido e a fronteira do conhecimento”. Ela afirma que a docência vai além da transmissão de conteúdo. “O docente contribui compartilhando conhecimento, mas também ensinando a produzi-lo, estimulando o pensamento crítico e a curiosidade investigativa.”
Essa visão reflete o papel da SBEB na promoção de uma formação acadêmica sólida e interdisciplinar, em sintonia com as iniciativas de graduação apoiadas pela Sociedade e com o fortalecimento dos cursos que formam engenheiros e pesquisadores em todo o país.
Ensino que acompanha a transformação tecnológica
O avanço tecnológico redefine continuamente o ensino em Engenharia Biomédica, impondo novos desafios à atividade docente. Plataformas digitais, ferramentas de inteligência artificial e metodologias ativas de aprendizagem transformam a sala de aula e exigem atualização constante.
De acordo com Leonardo Abdala Elias, diretor financeiro da SBEB e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o docente deve formar profissionais com capacidade analítica e fundamentos conceituais sólidos. “Nosso papel é capacitar o aluno em conceitos que não vão morrer na próxima tecnologia lançada”, afirma Elias.
Ele observa que o ensino na área é, por natureza, transdisciplinar. “O docente em Engenharia Biomédica atua em um campo que combina o conteúdo técnico das engenharias com as aplicações diretas na biologia e na saúde. Isso torna o processo de aprendizado mais completo e contextualizado”, explica.
Elias destaca ainda que a formação de engenheiros biomédicos deve integrar uma base sólida em matemática, física e biologia, associada à resolução de problemas reais das ciências da saúde. Essa combinação, segundo ele, é o que prepara o profissional para lidar com desafios complexos e em constante evolução.
Essa integração se reflete na atuação dos Centros de Engenharia Biomédica, que articulam pesquisa, inovação e formação profissional em parceria com universidades de diferentes regiões do país.
Formação ética e compromisso social
Além das competências técnicas, a formação de engenheiros biomédicos demanda responsabilidade ética e sensibilidade social. Sônia ressalta que a docência também tem o papel de discutir os dilemas que envolvem o uso da tecnologia em saúde. “O conhecimento técnico se atualiza, mas a base ética e humana sustenta uma carreira inteira”, afirma a presidente da SBEB.
Ela aponta que o professor deve estimular reflexões sobre temas como o uso de dados de pacientes, a segurança de equipamentos e os limites da experimentação. “Toda decisão técnica envolve valores. A tecnologia em saúde é um meio, e o fim deve ser sempre o bem-estar das pessoas”, acrescenta.
Essa perspectiva está presente nas iniciativas de pós-graduação apoiadas pela SBEB, que incentivam o pensamento crítico e o desenvolvimento de soluções acessíveis, robustas e alinhadas às necessidades da saúde brasileira.
Educação como eixo estratégico
A SBEB tem historicamente desempenhado um papel central na valorização da docência e na promoção da educação científica e tecnológica. A entidade oferece espaços de intercâmbio entre professores, reconhece produções acadêmicas de excelência e fomenta políticas voltadas à formação de novos pesquisadores.
“A SBEB proporciona um ambiente de troca de experiências entre docentes e valoriza o trabalho de orientação acadêmica por meio de prêmios para teses, dissertações e iniciações científicas”, destaca Sônia.
A presidente explica que a Sociedade mantém um comitê dedicado à educação e busca tornar o conhecimento mais acessível por meio de webinars e de discussões sobre políticas públicas de ensino e pesquisa.
O Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica (CBEB) também é um dos principais instrumentos de formação e integração da comunidade acadêmica. “O CBEB é o hub nacional da área. Para muitos alunos, apresentar o primeiro trabalho no congresso é um marco na carreira científica. Além disso, o evento permite acompanhar as tendências, estabelecer colaborações e identificar novas frentes de pesquisa”, explica Sônia.
O Dia dos Professores, segundo Sônia, é um momento de reconhecimento e reflexão sobre a função social da docência. “Nossa matéria-prima não é um insumo, mas o potencial humano. Mais do que uma data comemorativa, o dia reforça a responsabilidade de formar profissionais éticos e críticos que usarão a tecnologia para transformar vidas”, afirma.
Ela acrescenta que a prática docente é também um processo de aprendizado contínuo. “Aprendi que o ensino é uma via de mão dupla. O professor ensina, mas também aprende. O verdadeiro ensino consiste em construir respostas junto aos alunos e colegas.”