Tecnologia assistiva como resposta aos desafios do envelhecimento

Competição nacional liderada pelo Inatel propõe soluções inovadoras para a longevidade e conecta estudantes da área da saúde e engenharia biomédica em experiências práticas

Com foco em soluções para a população idosa, o Biochallenge Brasil 2025 desafia estudantes de graduação, pós-graduação e ensino técnico das áreas da saúde e da tecnologia a desenvolverem dispositivos e softwares voltados à longevidade. A competição é organizada pelo Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), com apoio da Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica (SBEB) e da AME — uma organização sem fins lucrativos, que atua para favorecer o bem-estar, autonomia e inclusão social das pessoas com comprometimento funcional, principalmente na área de Tecnologia Assistiva.

O desafio ocorre em três etapas, entre maio e agosto deste ano. O objetivo é unir inovação, aprendizado multidisciplinar e impacto social. Ao longo das fases, os participantes passarão por capacitações, mentorias e validação de protótipos com base em desafios reais enfrentados pela população idosa brasileira. As inscrições ficam abertas até 4 de maio, com a final nacional prevista para 22 de agosto, no campus do Inatel, em Santa Rita do Sapucaí (MG), com possibilidade de participação remota.

Longevidade exige respostas tecnológicas acessíveis

A escolha do tema “Tecnologia Assistiva para a Longevidade” reflete um dos principais desafios de saúde pública do século. “Queremos pensar em tecnologias que promovam autonomia, inclusão e cuidado para essa população”, explica Luma Rissatti Borges do Prado, organizadora do evento e professora no Inatel. A decisão de focar nesse tema surgiu da observação de que o Brasil caminha para se tornar uma sociedade cada vez mais madura. Segundo o IBGE, cerca de 25% da população terá mais de 65 anos até 2060.

Para a presidente da SBEB, Sônia Maria Malmonge, a Engenharia Biomédica tem papel central nesse cenário. “A Engenharia Biomédica pode desenvolver dispositivos que respeitem a autonomia e a dignidade do idoso, como wearables que detectam quedas ou alterações de sinais fisiológicos críticos”, afirma.

Casos reais inspiram empatia e inovação humanizada

Um diferencial do Biochallenge está na apresentação de personagens fictícios construídos com base em situações reais vividas por pessoas idosas. Os estudantes devem escolher entre duas categorias: a presencial, com foco em hardware para o casal fictício Sr. Antônio e Sra. Dolores; e a online, com desenvolvimento de um jogo sério ou software para a personagem Dona Benedita.

“O objetivo é que os participantes se conectem emocionalmente com essas histórias. Queremos estimular a empatia e a criação de soluções mais humanizadas”, destaca Luma. As histórias tratam de dificuldades como quedas, uso de medicação, interação social e uso de tecnologias, buscando despertar nos estudantes uma abordagem prática e sensível.

Formação multidisciplinar e conexão com o mercado

A competição é composta por três etapas: a @Trilha, fase inicial de capacitação; as Etapas Regionais, realizadas entre julho e agosto; e a Final Nacional. Durante a jornada, os participantes têm acesso a mentorias com especialistas da área da saúde e da engenharia, além de atividades de gamificação com a moeda virtual “Beeps”, que estimula o engajamento contínuo.

“O profissional atuante em engenharia biomédica precisa dominar não só tecnologia, mas desenvolver habilidades relacionadas à gestão de projetos e trabalho em equipe multidisciplinar”, observa Sônia Malmonge. Para a SBEB, iniciativas como o Biochallenge ajudam a formar engenheiros mais preparados para os desafios reais do sistema de saúde.

Além disso, o evento pode se transformar em uma porta de entrada para o mercado. “A interação com mentores e profissionais pode abrir portas para estágios, parcerias e empregos. Uma das premiações inclui mentoria de carreira com a Equipacare, uma das patrocinadoras do evento”, ressalta Luma.

Tecnologia como direito

Mais do que estimular a inovação, a proposta do Biochallenge Brasil 2025 é incentivar soluções que combinem tecnologia, simplicidade e impacto social. “Esperamos soluções acessíveis e escaláveis, que respeitem as limitações e hábitos culturais das pessoas idosas”, reforça Luma.

A formação ética dos futuros profissionais também é uma prioridade. “Os participantes aprendem a enxergar a tecnologia como direito e não como luxo. São incentivados a ouvir usuários reais e evitar propostas desconectadas da realidade social”, afirma Sônia.

Estudantes interessados em participar devem formar equipes de 2 a 3 integrantes e se inscrever gratuitamente até 4 de maio, pelo site: Biochallenge Brasil 2025

A expectativa da organização é reunir jovens de todo o país e estimular o surgimento de soluções reais, viáveis e transformadoras para a população idosa.

Compartilhe este Post!

Rolar para cima